Tempos atrás me encontrei em uma situação interessante. Por problemas de comunicação, eu estava em um lugar e deveria estar em outro. Quem já não passou por isso?

Mas o que me chamou a atenção foi a primeira pergunta que me foi feita quando notamos o problema. “Quem falou para você vir para cá?”. Por reflexo respondi, mas fiquei com isso na cabeça.

O que eu vi acontecer nos próximos minutos foi uma rápida caça às bruxas. O importante não era descobrir como eu chegaria a tempo no local certo e sim descobrir quem era o culpado por eu estar no lugar errado. Não tem algo de estranho por aqui? O que seria ganho encontrando o culpado?

Isso é um traço cultural de muitas empresas. Essa “cultura do culpado” é muito forte e costuma trazer efeitos desastrosos. O erro passa a ser tratado como a pior coisa que pode acontecer e não como parte do aprendizado. Como o erro é uma ofensa terrível, ele deve ser escondido. Pronto. Acabamos de destruir uma empresa. Esses erros que ficam ocultos vão minando as bases da empresa até o ponto em que ela fica insustentável.

Uma solução a essa “cultura do culpado” é uma “cultura da solução”. O culpado passa a ser um personagem secundário. O realmente importante é encontrar uma solução e voltar o mais rápido possível ao estado normal de trabalho. Essa forma de agir tem algumas vantagens:

  • Seus problemas são solucionados mais rápido
  • O erro passa a ser parte do aprendizado e por isso não faz sentido ter medo e escondê-los
  • Como seus erros estão visíveis, você finalmente tem a chance de fazer melhorias reais para evitar que eles aconteçam novamente

Essa “cultura da solução” é um dos principais pontos dentro de Scrum (e também é uma das mais difíceis de serem implantadas). Toda a parte de Inspecionar e Adaptar só é possível se você tiver (não apenas dentro do time, mas com todos os envolvidos no projeto) segurança para relatar os problemas que tem acontecido.

Este post tem 2 comentários

  1. Almiro Alves

    Eu até acho que deve-se focar mais na solução que no culpado pelo problema, porém mais tarde tem-se que investigar sim quem é o culpado, pois se deixar o problema de lado ele simplesmente voltará a ocorrer.
    Com isso, acho que a mudança principal nesse pensamento seria em inverter a ordem das coisas, ou seja, preocupar-se mais em solucionar o problema causado, e após normalizado procurar o culpado e entender a causa do problema.

    Parabéns pelo artigo.

    Abraços.

  2. Jonas Abreu

    Olá Almiro,

    Não sei se encontrar o culpado é importante. O que acredito é que a causa do problema deve ser resolvida. Muitas vezes a causa do problema pode ser o processo de trabalho, a cultura da empresa ou outra causa não necessáriamente humana.

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