Acertar na interface exposta para os usuários e no modo de interação deles com nosso produto é sempre difícil. Afinal, existem grandes barreiras conceituais para atravessar: nós não sofremos do exato problema que eles sofrem e, nenhum deles passou o tempo implementando a solução conosco.

Existem diversas técnicas criadas para ajudar a resolver esse quebra-cabeça e possibilitar uma interface satisfatória que mantenha a integridade da solução provida. Em uma procura na web, livraria ou conferências, as duas buzz-words mais populares são “Usabilidade” e “UX” (User Experience). Qual a diferença? Qual conjunto de técnicas escolher entre os dois?

Como qualquer discussão técnica sobre definições e termos, bem, não existe uma única resposta correta para a diferença. Neste artigo vou tentar esclarecer minha própria visão dos dois, o modo como penso sobre cada termo quando aplico ou leciono suas técnicas – use se for compatível com seu parecer e aproveite a área de comentários para discutir se não for!

Não sou um fanático de definições, assim antes de começar, temos que deixar claro que… Desde que mantenhamos a abordagem correta, não faz diferença alguma!

A nomenclatura do termo que usamos na hora da implementação é um problema dentro do domínio de implementação, a escolha é uma solução que resolve um problema que nós temos, mas nosso usuário não. O problema que o usuário tem é que ele quer ser feliz e eficiente ao usar o produto, independente da forma como sua criação foi organizada, de modo que a terminologia correta é qualquer terminologia que facilite uma abordagem de desenvolvimento focada e centrada no usuário (solucionando o primeiro problema) e dessa forma atinge o objetivo de satisfazer o usuário (a solução do problema 2)!

Usabilidade

De volta ao contraste dos dois termos, até tempos atrás Usabilidade era o nome utilizado para resolver qualquer problema ou questão pertinente à qualidade da interação com o Usuário: Não basta ser útil, um software tem que ser usável também! Temos varias funções no nosso produto, mas será que o usuário encontra e opera essas funções intuitivamente e com baixo custo operacional?

Com o tempo, para administrar a usabilidade, sentiu-se a necessidade de defini-la e procurar medi-la. Os Standards voltados à usabilidade foram um bom empurrão nesse sentido e, com o tempo fizeram-se disponíveis métodos, definições e listas pelas quais organizar nosso trabalho de Usabilidade nos nossos projetos. Por exemplo, Jacob Nielsen (um das autoridades nas pesquisas de usabilidade) descreve o termo como a medida da coleção de Aprendibilidade, Eficiência, Memorabilidade, Erros e Satisfação.

UX

A própria popularidade do termo tornou-se seu maior obstáculo. Ao tentar definir o termo de forma exata, acabamos com uma lista do que o termo é… E subentendes-se o que o termo não é.

Preenchendo esses espaços que as definições de usabilidade não cobrem, User Experience é uma extensão da definição de Usabilidade: Não basta ser útil, não basta ser usável, um software tem que proporcionar uma experiência positiva e intensa! O usuário encontra e opera as funções com facilidade, mas será que ele está feliz ao fazê-lo?

Se quiséssemos comparar com Usabilidade, Peter Morville (outro guru) define UX como uma coleção de atributos que inclui Usabilidade — e outras características mais como Desejabilidade, Credibilidade, e Valor.

Segundo o visto acima, UX é um termo que inclui o conceito de Usabilidade, então de modo seco pode também ser considerado um termo mais seguro.

Porém não se pode atingir um grau elevado de experiência de usuário (UX) sem atingir um grau elevado de Usabilidade. O foco da equipe de desenvolvimento deve ser nos dois simultaneamente e, nas duas áreas existem técnicas (às vezes distintas, às vezes as mesmas) que nos ajudam a trabalhar cada um dos dois em separados e em conjunto, técnicas que centram nossas decisões no bem do usuário final.

Até a próxima vez, boa sorte… E tome conta do seu User!

Sobre o autor:

Shmuel Gershon

É líder técnico na Intel Corporation em Israel, onde testa software e firmware com seu time de super-heróis. Seu dia a dia inclui diversas atividades, como criar e adaptar estratégias de testes, testar tecnologia em diversas camadas, treinar testers, ajudar amigos e fazer tudo de novo no próximo produto. Já trabalhou em empresas de diversos portes da América do Sul ao Oriente Médio, e apesar de começar sua carreira programando, descobriu que testar é o dobro da diversão. Shmuel é palestrante frequente em conferencias internacionais sobre testes (StartEast, EuroStar, SIGiST…) e sobre programação (Oredev, Goto, SWPC…), trazendo uma visão única sobre software: a convicção de que o fator mais importante na nossa busca por qualidade são as pessoas e não as tecnologias. Para conhecer mais, leia seus artigos na BetterSoftware Magazine ou no blog, onde você também encontra Rapid Reporter, aplicativo freeware que facilita relatórios e anotações durante testes exploratórios. Homepage: http://gershon.info.

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