A Sprint Retrospective é a oportunidade para todo o Scrum Team (Product Owner, ScrumMaster e Development Team) se inspecionar e criar um plano de ação para as melhorias para a próxima Sprint.
Aqui você encontra as 6 primeiras dicas para uma Sprint Retrospective eficiente.
7. Faça a Sprint Retrospective
Não fazer a Sprint Retrospective é o mesmo que não usar Scrum
A Sprint Retrospective é o coração do Scrum, a ponto de muitos praticantes experientes dizerem que é a reunião mais importante. Jean Tabaka afirma que não fazer a Sprint Retrospective é a pior falha possível em relação a este evento.
A Sprint Retrospective é o momento em que os membros da equipe têm a oportunidade de inspecionar e adaptar o seu processo. E é nela que os membros do Scrum Team conversam sobre o que deu certo, o que poderia ter sido melhor e o que pode ser feito melhor para a próxima Sprint. O objetivo é o foco de ao menos uma melhoria no processo, ou Kaizen, e iniciar a implementação de imediato.
O processo da melhoria continua é considerado tão importante dentro do Scrum que é peça central do raciono do aumento de produtividade de um Scrum Team. Sendo considerado por Jeff Sutherland um dos principais artifícios para aumentar a produtividade do Scrum Team, ou um dos itens fundamentais para “fazer o dobro do trabalho na metade do tempo”.
8. Todos têm algo importante a falar
Todos pensam, todos falam
Um ScrumMaster pode de forma inconsciente filtrar ou desconsiderar o que uma das pessoas está dizendo e isto pode destruir a Sprint Retrospective, segundo Jean Tabaka essa é uma das formas mais eficientes de destriu-la.
Existe um teste muito interessante proposto pelo Marcelo Leite para fazer uma autoavaliação da imparcialidade de um líder que deveria ser feito por todos os ScrumMasters que acreditam em sua imparcialidade.
Nele você é levado a se perguntar sobre sua relação com seu “Colega Não Favorito” e se você realmente consegue ser imparcial em sua relação a ele dentro do local de trabalho.
Caso você tenha tido um resultado próximo do meu, recomendo que você reflita o quão imparcial você é e se ao facilitar você tem momentos iguais ao do Deputado Frank Underwood, interpretado pelo Kevin Spacey, na série House of Cards.
9. Musica dá o tom no ambiente
Música ajuda a relaxar e pode ajudar a dar o tom na sua Sprint Retrospective.
Estudos mostram que pessoas de diferentes épocas e culturas experimentam uma gama universal de reações emocionais a intervalos musicais específicos. Como se houvesse uma espécie de gramática universal tonal. Para ajudar, estudos mostram que nos esportes ouvir sua música preferida melhora o desempenho dos profissionais.
O difícil é descobrir músicas que funcionem, algumas dicas:
- O disco Jagged Little Pill da Allanis Morisseti é excelente para momentos criativos ou para acalmar um ambiente.
- Dance, Pop, e Rock clássico são ótimos para atividades do dia a dia que exigem concentração e energia. Eu particularmente mantenho uma playlist no Spotify para atividades em grupo que necessitam de colaboração e energia.
- Hurt cantada pelo Johnie Cash é uma música excelente para deixar o ambiente fúnebre e depressivo. Mas cuidado com músicas tristes, elas podem piorar o ambiente. Ai já viu…
10. Fluxo de facilitação na Sprint Retrospective
Utilize um fluxo para chegar em algum lugar
Não planejar a Sprint Retrospective e não seguir um fluxo podem ter consequências desastrosas em uma Sprint Retrospective. Principalmente em inicios de projeto ou quando a Meta da Sprint não foi alcançada.
Frisar a primeira diretiva do Norman Keath, uma dinâmica de warm-up, um momento especifico para falar o que foi bem, e um momento para que todos se comprometam com a melhoria podem ser a diferença entre o sucesso e o fracasso do projeto.
Existem muitos fluxos de Sprint Retrospective publicados na internet, para citar três exemplos famosos e que estão disponíveis gratuitamente:
- O Paulo Caroli descreve um fluxo de 7 passos para guiar uma Sprint Retrospective efetiva.
- Boris Gloger criou um padrão chamado Heartbeat Retrospectives
- Mark Grove descreve em um vídeo 5 passos para uma Sprint Retrospective
11. Foco nas três perguntas
Scrum não é patrocinado pela empresa que faz marcadores autoadesivos
Existe um lado lúdico e romantizado ao se utilizar flipchart e marcadores adesivos nesta reunião. Para muitos a Sprint Retrospective se resume ao ScrumMaster facilitar uma reunião mediada por uma técnica.
Primeiramente Post-it não faz parte do core do Scrum, da mesma maneira que o Planning Poker, a User Story, e o quadro de Kanban não fazem parte do framework.
O Rafael Nascimento, Agile Coach na Adaptworks, comenta que passou mais de um ano em uma multinacional facilitando diversas reuniões e nunca usou um post it.
O foco do Rafael em uma Sprint Retrospective era sempre fazer com que as seguintes três perguntas fossem respondidas:
- O que foi bom?
- O que melhorar?
- Como melhorar?
12. O ScrumMaster é uma pessoa
O ScrumMaster isento existe?
Muito se fala e lê sobre o ScrumMaster se manter isento durante esta reunião. A maior dificuldade está relacionada ao fato que em sua essência o ScrumMaster é uma pessoa.
E uma pessoa e por isso tem vieses cognitivos. Como exemplo de vieses posso citar:
Uma pessoa que busque evidencias que confirmem uma hipótese inicial de problema ou solução e não permita enxergar outras possibilidades pode parecer teimosia, mas para psicólogos isso tem o nome de viés da confirmação.
Aliado ao fato do viés do observador, o ScrumMaster pode enxergar com clareza um problema que não existe e mesmo assim tentar soluciona-lo.
Um exemplo claro nisso é um observador externo ao time enxergar anarquia em um time auto organizado. Para um observador externo a anarquia é imensa, mas na realidade não existe um padrão facilmente detectável de organização. O problema fica gigantesco quando o observador tendência a propor soluções centralizadoras para uma característica do sistema auto organizado.
Estudos mostram que as escolhas das massas influenciam diretamente como uma pessoa faz escolhas mesmo que vá contra o próprio juízo da pessoa. Esse é o famoso viés da conformidade.
O extremo do viés da conformidade nos leva ao pensamento de manada, que é um fenômeno em que o desejo pela harmonia do grupo faz com que as opiniões pessoas sejam suprimidas. Pois pensamentos contrários se tornam tóxicos e fica mais difícil ainda alterar o status quo.
Um ScrumMaster não consciente desses vieses pode se deixar levar pela opinião do grupo e suprimir ideias e opiniões importantes.
Já o efeito de ancoragem é um viés cognitivo que que descreve em se “ancorar” em uma característica ou parte da informação recebida. Em outras palavras, a dificuldade de se afastar da primeira impressão.
Dessa forma um ScrumMaster que tenha a impressão que a culpa de um insucesso seja um determinado processo irá se ancorar e terá dificuldade em ver o que está realmente ocorrendo.
De forma resumida, o ScrumMaster não é uma máquina de facilitação, mas sim uma pessoa. Que deve sempre focar em processos de facilitação para se isentar o máximo possível.
Referencias
As dicas foram baseadas na minha experiência pessoal, no e-book do Better Scrum, vídeos como o da Jean Tabaka no Scrum Australia, de websites como o do Norman Kerth, e artigos como: http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/voce-e-realmente-um-lider-imparcial-faca-o-teste-e-descubra/79793/ do Marcelo Leite, Occupy Scrum: How Sprint Retrospectives Brought us to Agile Nirvana (http://blog.loomio.org/2013/11/20/occupy-scrum/).
Vale ressaltar que li intensamente o Scrum Guide de 2013 para que o conteúdo ficasse aderente ao que consta no texto base do Framework Scrum.
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