Para mim, o grande diferencial entre as metodologias ágeis e qualquer outra abordagem tradicional de desenvolvimento de software está no uso inteligente da comunicação humana. Enquanto os agilistas procuram estimular a comunicação não-verbal com todos os canais sensoriais do ser humano, a maioria dos profissionais de software investe horas e horas de esforço na construção de mecanismos de comunicação escrita responsáveis por somente 7% da eficácia da transmissão da informação a seus usuários. Para evidenciar essa fragilidade das técnicas de comunicação em ambientes de software, podemos encontrar pesquisas que apontam 64% das funcionalidades como sendo raramente ou nunca utilizadas por seus usuários (quem as pediu?), bem como 63% dos problemas de projeto tendo como origem os requisitos de software (que tipos de problema você imagina?). Desenvolver competências na área da comunicação humana tornou-se imperativo para todo e qualquer profissional demandado por resultados imediatos e altos índices de qualidade em seus produtos de trabalho, pois, do contrário, continuaremos por mais algumas décadas vendo os mesmos índices diante somente de mais complexidade e tecnologia.
Pois bem, quanto mais eu me dedico a capacitar profissionais e a orientar equipes em melhoria de processos, mais me dou conta de que a maioria de nossos gestores está remando contra a correnteza … Explico: ao invés de desenvolverem suas equipes para exercerem toda a competência necessária na entrada do processo de software (comunicação com o cliente e identificação de seus requisitos), investem fortunas em sua saída a fim de comprovar que a qualidade de seus produtos e a eficiência de seus processos realmente são precárias. A comunidade ágil propõe que assuntos como processos de negócio, objetivos estratégicos, retorno de investimento, fluxo de informação, etc. sejam do conhecimento do time e não uma exclusividade de gerentes e analistas de negócios. Com base nessas informações, podemos desenvolver produtos em prazos nunca antes imaginados, com altos níveis de qualidade desacreditados pelo mercado, e com uma constante satisfação do cliente e da equipe de software. Para tanto, precisamos trazer para nosso ambiente técnicas de comunicação que a área de vendas já utiliza há décadas, tornando nossos analistas profissionais altamente eficazes no tratamento dos requisitos de software.
No workshop entitulado “Requisitos de Software: Conceitos e Práticas para Equipes Ágeis” ensino meus alunos a pensarem na natureza dos requisitos e não apenas a escreverem especificações e documentos. Procuro desafiar suas tradicionais crenças sobre o que é um processo de software apresentando conceitos e práticas não difundidos em nossa área, como por exemplo: percepção e comunicação humana, estratégias de pensamento e mudança, análise de negócios e produção enxuta (Lean Thinking), planejamento e controle de projetos baseados na gestão da produção, entre outros. O resultado, após trabalhar durante dois dias (duração do workshop) com grupos de mentes tipicamente analíticas e pragmáticas, tem sido o despertar para um novo mundo de possibilidades. Um mundo ainda pouco conhecido mas com uma vasta quantidade de recursos que podem aumentar consideravelmente nossa produtividade.
Se você é um profissional que trabalha com metodologias ágeis ou que deseja aprimorar suas habilidades na área de requisitos de software, venha aprender como a mente, a comunicação e a logística podem aumentar consideravelmente a capacidade produtiva de sua equipe nos dias 30 e 31/07/2009, datas do próximo workshop a ser realizado em São Paulo. Para informações e inscrição, contate a Adaptworks pelo email [email protected] ou pelo telefone (11) 5585-7738.
A questão das funcionalidades que não são usadas, não podem ser tratadas apenas no nível da equpe de desenvolvimento.
Afinal de contas muito dessas funcionalidades que não são usadas, foram solicitadas por um cliente ou pelo menos tem uma função.
Por que elas não usadas, não seria a questão a ser abordada?
Muitas pessoas que usam o Microsoft Word não sabem que existe mala-direta e nem por isso, a função deixa de ser importante.
Mas mesmo assim, concordo com você inteiramente sobre a questão da comunicação.
O teus textos são muito bonsm se não se imcomodar, publicarei alguns em meu blog.
Boa sorte e até outro post.
Caro João,
Se você participasse de uma aula em que demonstro como os filtros sociais e individuais da mente humana, associados aos filtros de generalização, deleção e distorção, podem produzir alucinações no escopo de um projeto de software (na realidade, em quase todos os requisitos), veria que muitos dos requisitos de software poderiam ser consideravelmente reduzidos na maioria dos projetos. Se você aprender a enxergar o que há por trás da solicitação de um cliente, verá que, muitas vezes, as necessidades básicas e desejos de um ser humano superam as necessidades lógicas de um projeto de software … Fico contente que estejas apreciando meus textos! Fique à vontade para publicá-los no seu blog, consirando a indicação da fonte! 😉 Abraço!