Empoderar times é fundamental para se trabalhar bem com o profissional do conhecimento. É importante, pois são os times que estão em contato com o cliente, no dia-a-dia, então, eles têm muito mais condições de tomar decisões assertivas. Além disso, quando as pessoas participam das decisões, ao invés de receber soluções prontas, elas se sentem muito mais envolvidas e comprometidas com a empresa.
Mas será que basta apenas empoderar os times para que comecem a participar de decisões tão importantes que influenciam no sucesso da empresa?
A resposta é um grande, imenso NÃO!!
Por dois motivos muito simples:
- Seguindo o conceito da “Tabula Rasa” de John Locke, o ser humano nasce como uma folha de papel em branco, que será preenchida com suas experiências. E o comportamento aprendido pelas pessoas no mundo corporativo é: relatar um problema e esperar que a gerência aponte uma solução. Mesmo empoderados, times não sabem decidir ou têm medo de tomar uma decisão errada que poderá ter consequências desastrosas para si ou para a empresa.
- Um grupo de pessoas que, por acaso, trabalham juntas, não se torna um time da noite para o dia por mágica ou pelo simples fato de que foram empoderados por sua organização. Existe um longo e difícil caminho a ser trilhado para que o sucesso do time seja superior às vitórias individuais (outro comportamento aprendido no mundo corporativo).
Mas então, como tornar esta experiência um sucesso?
Com um grande, imenso apoio do time executivo!!
Antes de qualquer coisa, os times empoderados precisam sentir que o time executivo tem total confiança em suas decisões (por isso os empoderou). Se não confia, não dê o poder total, mas possibilite a criação de um ambiente onde o time consiga atingir tal poder. Isso pode ser feito com a criação e o bom uso de um “quadro de autoridades”, onde o time executivo avalia a maturidade de cada um dos seus times individualmente e concede o poder de acordo com esta maturidade. Particularmente, acredito que seja mais motivador começar atribuindo aos times um grau menor de autoridade, que será aumentado com o tempo, do que o contrário. Ou seja, é mais gratificante “conquistar o poder” do que recebê-lo e não saber o que fazer com ele.
Já vi alguns times que, uma vez empoderados, permaneceram exatamente onde estavam, esperando um direcionamento do time executivo! Este é um exemplo claro de que o time não tem maturidade suficiente para lidar com o nível de empoderamento que lhe foi dado. Aqui, o time executivo criou um novo problema, ao invés de resolver outros. Criou-se um time empacado, com medo de errar e, certamente, desmotivado por não ter o suporte adequado para suas ações. E que ainda depende do time executivo.
O maior desafio do time executivo no processo é a prática do desapego. É preciso aceitar profundamente que ele não está mais ali para decidir (dependendo do grau de autoridade do time), mas sim, para orientar. Numa organização com times empoderados, o time executivo deve, fundamentalmente, exercer o papel de Coach. O time executivo deve tentar fazer o time visualizar possibilidades. Possibilidades que, certamente, não estavam acostumados a considerar. Apenas fornecer informações para os times talvez não seja o suficiente, já que é bem provável que estes times não saibam muito bem o que fazer com tais informações.
Por fim, o time executivo deve apoiar incondicionalmente as decisões dos times empoderados. É possível que se erre, mas, com a prática do Coaching ou do Mentoring dos times e com a proximidade do time executivo o tamanho do erro pode ser minimizado e as soluções de contorno estarão mais ou menos pensadas. Afinal, as possibilidades foram avaliadas.
Todo este trabalho deve ser regado com metas desafiadoras (porém viáveis), que deverão ser negociadas (e nunca empurradas) com o time executivo. Metas são bons motivadores na formação de times, mas precisam fazer sentido para os integrantes. Todos precisam “comprar a briga”!
A palavra chave para o sucesso é: “colaboração”. É preciso haver muita colaboração entre os times empoderados e o time executivo. Dentro de um ambiente controlado pelo quadro de autoridades, o objetivo e o motivador dos times empoderados deve ser conseguir cada vez mais autoridade, mais força!
Sobre o Autor:
Marcelo L. Barros é um cara criativo, curioso e detalhista, que, cada dia mais se vê interessado em desvendar os mistérios desse “bicho gente”! Acredita que pessoas motivadas trabalham com maior produtividade e qualidade; que a chave para o comprometimento é fazer com que as pessoas se sintam parte do negócio; e que compartilhar o que se chamava de “poder” é algo mais poderoso do que qualquer metodologia. Desde 2004 atua como Dreamer, Thinker & Maker no grupo Emphasys. “Pau pra toda obra”, fã de Scrum, Testes do Software, Dinâmicas de Grupo e, claro, Team Growing.