Na semana passada tive a oportunidade de participar do treinamento de Innovation Games, promovido pela Adaptworks, com Michael Gaines.
Os “jogos de inovação” são alguns jogos elaborados por uma consultoria do Vale do Silício, The Innovation Games Company ®, criada pelo canadense Luke Hohmann, que cria jogos que estimulam o engajamento de clientes, colegas e parceiros no desenvolvimento de produtos/projetos.
Por sua informalidade, a técnica de jogos permite que pessoas de diferentes níveis hierárquicos, com diferentes papéis na empresa no ou na equipe de desenvolvimento de produto/projeto, sintam-se a vontade para expor suas visões sobre o que está sendo feito.
No treinamento nos fizemos alguns dos jogos, que nos ajudaram a aplicar diferentes técnicas para priorizar atividades no desenvolvimento de um projeto/produto, a entender melhor aspectos que estimulam ou atrasam o ciclo de desenvolvimento e a relacionar recursos existens a fim de se chegar a novas idéias através da associação destes recursos.
Aqui vai uma breve descrição dos jogos que praticamos:
– Speed Boat – ajuda a entender o que seus clientes gostam ou não gostam em seu produto ou serviço, quais são os aspectos que estão ajudando a acelerar ou a desacelerar seu projeto ou ainda a entender quais são os fatores de motivação e desmotivação que sua equipe percebe no projeto. A técnica garante que reuniões de retrospectiva / avaliação fiquem sob controle e não se transformem numa avalanche de reclamações em que só aparecem os aspectos negativos do projeto, sem se pensar em como resolvê-los e avançar. A técnica é bem simples, você precisa apenas desenhar um barco num quadro branco ou folha de papel pendurada na parede, e as pessoas devem marcar, com post-its, as coisas que “ancoram” o barco, e as coisas que o fazem andar com maior velocidade. Os itens podem ter peso (marcado nos post-its), ou simplesmente estar em posições diferentes no quadro (as coisas que mais atrapalham ficam mais fundas, como se fossem as âncoras mais pesadas).
– Buy a Feature – ajuda a fazer com que seu cliente (ou CEO, ou Diretor, ou Gerente de Produtos, etc) consiga priorizar melhor o desenvolvimento de features que realmente irão agregar mais valor ao negócio. Geralmente o cliente quer o projeto todo pronto, para ontem. Mas nem todas as features serão usadas, nem todas são críticas para o lançamento e nem todas precisam de fato ser feitas (isso vai acabar sendo descoberto com o uso do produto). O jogo consiste em ter uma lista de features, e a dar um preço para cada uma delas (na vida real, o preço pode ser a estimativa e o custo de desenvolvimento, por exemplo). Cada cliente receberá um certo valor para poder comprar as features, mas, obviamente, não terá dinheiro suficiente para todas. Portanto, para algumas features, ele terá que negociar com outros clientes para que os dois juntos tenham recursos suficientes para comprá-las, e terá que abrir mão de outras. O resultado deste jogo é que o conjunto de clientes de seu produto terá priorizado o que realmente lhes traz valor.
– Remember the Future – o que você precisa fazer em seu produto para que daqui a 1 ano ele tenha trazido determinado benefício ao seu cliente? Partindo do benefício, a idéia deste jogo é pensar de traz para frente o que é necessário fazer com o produto para que ele traga tal benefício, e o que precisou ser feito imediatamente antes para que ele chegasse até este ponto. Dado o prazo para o produto atingir o objetivo, este jogo faz com que as pessoas pensem no que é realmente necessário para partir do ponto em que se está hoje, para se chegar ao ponto em que o produto trará o benefício esperado.
– Prune the Product Tree – todas as features são importantes e precisam ser entregues ao mesmo tempo? Isso não é verdade, e com este jogo você e sua equipe poderão montar o roadmap de seu produto pensando nos diversos aspectos do produto. A metodologia consiste em desenhar uma árvore, e ir colocando, com post-its, para dar o formato desejado à copa da árvore. Assim, os galhos da árvore representam os tipos de funcionalidade, as funcionalidades em si são as folhas, as features fundamentais são o tronco, e a base da aplicação são as raízes. Assim, as pessoas vão colando as folhas nos devidos galhos, sendo que as funcionalidades já prontas ou mais desejáveis ficam mais perto do tronco do que as menos importantes. A metologia deixa vísivel quando, por exemplo, algum aspecto de seu produto está ficando de lado (ex: muitas folhas no ramo que diz respeito ao front-end de sua plataforma de comércio eletrônico e poucas no raml que diz respeito ao back-end), para que você possa avaliar se está é mesmo a melhor opção.
– Product Box – Desenhando a caixa que venderia seu produto ou serviço num supermercado, os jogadores terão que identificar quais os aspectos mais importantes do produto, como comunicá-los melhor e quais problemas de fato seu produto resolve. As limitações de espaço exigirão que o grupo pense no que realmente são as principais características do produto, e tenha criatividade para comunicar da melhor forma.
– Spider Web – Este jogo, que funciona através do desenho de uma rede que relacione todos os produtos, serviços ou usos que podem ser feitos com seu produto na forma de uma teia de aranha. Com isso, percebe-se novos usos que podem ser feitos do produto através das conexões que aparecerão.
– Start Your Day – Descreva como seu cliente usa ou se relaciona com seu produto ao longo do tempo (pode ser um dia, uma semana, um mês ou qualque período, depende do seu produto). Pense em todas as situações em que seu produto é necessário para o cliente, e como seu produto pode ajudá-lo em cada caso. Com isso você entenderá melhor como seu produto é usado, para quais aspectos você tem que dar mais importância, e obviamente, ajudará a pensar na experiência do usuário, sob todos os aspectos.
Sempre que possível envolva também o cliente, afinal, é importante ele estar engajado com o projeto e totalmente alinhado com sua equipe.
Estes e outros jogos criados pela The Innovation Games Company (R) estão disponíveis no livro Innovation Games: Creating Breakthrough Products Through Collaborative Play, que todos os participantes do treinamento receberam como cortesia.
Para vários dos jogos há versões onlines, para que times remotos possam participar, mas obviamente o ideal é a equipe estar toda reunida, uma vez que a colaboração e o debate são fundamentais para que os resultados esperados sejam alcançados.
Se você já aplicou alguma destas técnicas em alguma empresa ou cliente, aproveite o espaço de comentários do blog para contar sua experiência!
Se não aplicou, lembre-se, a técnica de jogos é simples, mas exige uma preparação prévia da sala e dos materiais a serem utilizados para que funcione bem e envolva a equipe de jogadores!