“Não há mágica no SAFe, exceto talvez pela PI Planning”. Esta é uma frase famosa que circunda o framework, ressaltando a importância e até uma certa nostalgia sobre este evento tático dos Agile Release Trains.

Mas um ponto é necessário enfatizar quando estamos falando da PI Planning – ela pode ser mágica, mas não faz mágica!

Conforme as recomendações do próprio framework, e opções adotadas em diversas empresas, a agenda do evento de planejamento em si, ocorre durante 2 dias, ou em casos específicos, distribuídos ao longo de uma semana por exemplo. O timebox é um tempo crucial para que as pessoas interajam, alinhem objetivos em torno da visão estratégica, e tomem decisões táticas de forma acelerada.

Outro ponto, é que o investimento para que uma PI Planning aconteça não é baixo. Obviamente, se paga pelos benefícios dos resultados obtidos, mas desde que a produtividade do evento seja algo indiscutível.

De toda forma, não há tempo, por exemplo, de refinar iniciativas, buscando seu entendimento durante a reunião. O ideal é que tudo o que será discutido na PI Planning, seja de conhecimento prévio de todos os envolvimentos; que as priorizações já tenham sido direcionadas; que as histórias de usuário já estejam mapeadas; e que as estimativas aos menos que preliminares já tenham sido aplicadas. Com isso, o momento realmente será utilizado para tomar decisões de compromisso e seguir em frente, baseado nas atualizações de capacity, dependências, riscos e objetivos discutidos em conjunto.

Então, como fazer com que a PI Planning seja produtiva?

Da mesma forma que um bom planejamento das iterações dos times no SAFe, ou das sprint nos times Scrum, depende de um bom refinamento… para a coordenação do nível tático, não será diferente. Uma boa PI Planning vai depender de um bom refinamento, que nada mais é do que o melhor entendimento do que precisa ser feito e gerar o máximo valor possível. No SAFe, este entendimento se dá pelo Continuous Exploration, que é uma das etapas do Delivery Pipeline, a esteira contínua de entrega dos trens.

De forma prática, a melhor forma de obter sucesso em uma PI Planning, é certificar que o backlog do ART e dos times estejam preparados de forma antecipada, e que nada do dia D do evento, seja surpresa ou inviável de ser reajustado. E uma das formas com que as empresas se organizam antecipadamente, é aplicando ações coordenadas ao longo das semanas que antecedem o evento, sendo que uma das abordagens mais utilizadas é a de “9 semanas até a PI Planning”, considerando uma PI que esteja na média de 10 a 12 semanas no total.

Seguindo uma lógica do cone da incerteza, onde quanto mais longe estamos de algo, a informação é mais alto nível e assim menos detalhada, vamos aplicando um funil nas etapas de refinamento, desde a concepção dos Objetivos Estratégicos e Épicos, até o mapeamento e estruturação das Histórias de Usuário que vão minimamente compor as Features prioritárias.

E você, como está preparando sua PI Planning? Se não conhece, bora testar esta prática das 9 semanas?

Rafael Reis

Mais de 15 anos de experiência profissional, atuando nas frentes de desenvolvimento de TI, suporte a aplicações, gestão de projetos e consultoria em agilidade de negócios. Experiente com práticas ágeis como Scrum, Kanban, SAFe, Management3.0 e Lean Change Management. Certificado Ágil e ITIL. Proficiência avançada em inglês, tendo trabalhado no exterior. Bacharel em Sistemas de Informação e MBA em Gerenciamento de Projetos de TI. Life Coach pela SLAC - Sociedade Latino Americana de Coaching. Consultor do Programa SAFe 5.

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