Diferente do que muitos pensam, o WSJF (Weighted Shortest Job First) não foi criada pela Scaled Agile. A técnica para auxiliar na priorização de features foi criada por Don Reinertsen e muito popularizada pelo Scaled Agile Framework® (SAFe®).
A técnica WSJF leva em consideração não apenas o custo do atraso (cost of delay, COD), mas também a duração do trabalho, em que pode ser usado como proxy o tamanho do trabalho como veremos mais adiante.
Custo do atraso (cost of delay)
Considere o seguinte exemplo. Insatisfeito com as entregas atrasadas, o gerente de projetos decide que pode reduzir a variabilidade inserindo uma margem ou buffer de segurança em seu cronograma. Ele reduz a incerteza no cronograma comprometendo-se com um cronograma de 80% de confiança
Mas, qual é o custo desse buffer? O gerente do projeto está realmente trocando o tempo do ciclo pela variabilidade.
Só podemos saber se esse é um bom compromisso se quantificarmos o valor do tempo do ciclo e o benefício econômico da variabilidade reduzida.
De acordo com nossa experiência, nenhuma sensibilidade isolada é mais reveladora que o Custo do Atraso.
Se não podemos quantificar o benefício, não podemos gerar suporte para grandes decisões.
Precisamos do Custo do Atraso para avaliar a eficiência com o menor desperdício no fluxo de desenvolvimento do produto, o benefício de tamanhos de lotes menores e o valor da redução da variabilidade.
Devemos também salientar que o Custo do Atraso e outras variáveis podem ser computadas a qualquer momento, não apenas no final do projeto.
A técnica do WSJF
Quando as durações dos projetos e os custos de atraso são diferentes, temos a situação mais complexa e a mais comum.
Nesses casos, Reinertsen sugere que a melhor estratégia é calcular o Weighted Shortest Job First (WSJF).
Para isso, define-se a prioridade com base na duração de um trabalho e seu custo de atraso.
![Custo do Atraso](https://blog.adapt.works//wp-content/uploads/2020/11/image.png)
A imagem a seguir demonstra a utilidade dessa métrica para priorização em um contexto onde a duração do trabalho e o custo do atraso são diferentes para os três projetos do portfólio.
![WSJF](https://blog.adapt.works//wp-content/uploads/2020/11/image-1.png)
Reinertsen descreve um modelo abrangente para priorizar trabalhos com base na economia do fluxo de desenvolvimento de produtos, onde os trabalhos que podem oferecer o maior valor (ou custo do atraso) e a menor duração são selecionados primeiro para implementação. Esse modelo suporta alguns princípios adicionais do fluxo de desenvolvimento do produto, que incluem:
- Ter uma visão econômica
- Ignorar custos irrecuperáveis
- Fazer escolhas financeiras continuamente
- Usar regras de decisão para descentralizar a tomada de decisão e o controle
- Se você puder quantificar apenas uma coisa, quantifique o Custo do Atraso
A busca por valores absolutos tanto para custo de atraso, quanto para a duração do trabalho em cada projeto ou iniciativa pode ser bastante onerosa
Por isso, o Scaled Agile Framework® (SAFe®) entende que três elementos contribuem para o custo de atraso:
- Valor para Usuário de Negócio – Nossos usuários preferem isso a isso? Qual é o impacto da receita em nossos negócios? Existe uma penalidade potencial ou outras consequências adversas se atrasarmos?
- Criticidade de Tempo – Como o valor do usuário / negócio diminui com o tempo? Existe um prazo fixo? Eles vão esperar por nós ou mudar para outra solução? Existem marcos no caminho crítico impactado por isso?
- Valor de Ativação da Oportunidade ou Redução de Risco – O que mais isso faz nos nossos negócios? Reduz o risco desta ou de uma entrega futura? Existe valor nas informações que receberemos? Esse recurso abrirá novas oportunidades de negócios?
Além disso, considerando que a ideia é manter um fluxo contínuo, deve-se ter um portfólio de projetos com quantidade suficiente para escolher.
WSJF no SAFe
O SAFe sugere comparar os itens da lista de projetos uns com os outros, usando a sequência de Fibonacci modificada – a mesma recomendada para o evento de planejamento de iteração do Scrum.
Desta maneira, o custo do atraso relativo pode ser calculado da seguinte maneira:
![WSJF no SAFe](https://blog.adapt.works//wp-content/uploads/2020/11/image-3.png)
Em seguida, é preciso entender a duração do trabalho.
Isso pode ser bastante difícil de determinar, especialmente no início, quando talvez não se saiba quem fará o trabalho ou a alocação de capacidade para as equipes.
O SAFe, mais uma vez, indica um representante que pode ser utilizado para esse fim: Tamanho do trabalho.
Em sistemas com recursos fixos, o tamanho do trabalho é um bom representante para a duração.
Além disso, também sabemos como estimar o tamanho do item aplicando a sequência de Fibonacci modificada.
Assim sendo, ao combinar a definição de WSJF proposta por Reinertsen com as proposições do SAFe para custo de atraso e duração de trabalho, chegamos a seguinte fórmula:
![WSJF Final](https://blog.adapt.works//wp-content/uploads/2020/11/image-4.png)
Aplicando essa fórmula a cada projeto do portfólio, encontraremos uma ordem sugerida de priorização onde o maior WSJF terá prioridade sobre aqueles com menor WSJF.
Conclusão
Contudo, não devemos apenas calcular um número e segui-lo sem levar em conta outros aspectos importantes e conhecidos, como por exemplo, a dependência entre projetos.
Outro fenômeno importante que a técnica WSJF proporciona, é o estímulo a quebra de projetos em projetos menores.
Em diversos casos onde a aplicação da técnica WSJF ocorre pela primeira vez para priorização do portfólio, um grande desconforto é gerado pela percepção de que um projeto importante perde prioridade a outros itens do portfólio por conta de projetar uma duração que resulte em valor baixo para seu WSJF, conforme explica Roberto Baptista em outro artigo do nosso Blog sobre a quebra de Features com o WSJF.
A reflexão sobre este fator promove um caminho natural para que haja diminuição das durações dos projetos, para possibilitar maior valor (custo do atraso) na menor duração.
O ganho indireto passa a ser a constituição de um Portfólio Lean, com coleta de feedbacks mais rápidos do mercado, aumentando a frequência de entregas de valor da empresa.
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É isso aí! Até a próxima.
Esse artigo foi publicado na íntegra na Revista Mundo Project Management na Edição 90 (Dez/19 e Jan/20). Para acessar a Revista e o artigo completo clique aqui.