Esse artigo tem como objetivo ajudar a entender como utilizar o Agile Release Train Canvas, uma ferramenta visual criada por Mark Richards, SAFe Fellow reconhecido mundialmente.

Após ter a oportunidade de lançar alguns trens na prática, compartilho neste artigo aprendizados e dicas para o preenchimento do Agile Release Train Canvas.


Introdução ao ART (Agile Release Train)


Qual problema queremos resolver? 

Com exceção das startups, que possuem uma estrutura flexível, dinâmica, multidisciplinar e que contribuem de forma significativa para criação de ecossistemas colaborativos, demais organizações quando atingem um determinado tamanho, seja médio ou grande porte, lidam com um problema bastante comum: Estrutura baseada em silos e/ou departamentos.

Esse tipo de estrutura possui as suas vantagens e desvantagens. Uma das grandes desvantagens são as atividades focadas nos processos do próprio departamento. 

Quanto temos a necessidade de ter maior fluidez e colaboração em atividades transversais que envolvem a participação de outros departamentos e que dependem de um senso de prioridade comum, essa forma de organização em torno do trabalho se torna um grande desafio no que diz respeito a atender às necessidades dos clientes no menor prazo possível.

Um ART (Agile Release Train) é um time de times ágeis, que junto com outras partes interessadas, cria uma estrutura virtual, formada ao redor de uma entrega de valor. 

O ART desenvolve a entrega de valor de forma incremental, uma ou mais soluções em um fluxo de valor.

Você deve analisar a estrutura organizacional e identificar as pessoas que mais se enquadram na entrega de valor. 

Na sequência, as pessoas devem ser selecionadas com objetivo de compor um time com o máximo de autonomia possível das áreas em que atuam. 

Estamos criando um time que irá atuar priorizando as atividades do ART em detrimento das atividades departamentais, pois esse time está se concentrando na entrega de valor para o cliente e não somente nas atividades operacionais e que também são importantes para a organização. 

A composição do ART pode variar de acordo com a complexidade do fluxo e as características do negócio. (geralmente de 50 a 125 pessoas) 

Quando temos soluções ou fluxos de valor muito complexos podemos agrupar os ART´s visando concentrar características similares das entregas e dependências entre os times.

como preencher o Canvas

Normalmente, trabalhamos com o Canvas no modelo de workshop, onde aproveitamos esse momento para promover alinhamentos cruciais a respeito do trabalho com as partes interessadas envolvidas na entrega de valor.

Utilizamos a ferramenta MIRO para workshops remotos ou fazemos a impressão do Canvas em folha A0 para encontros presenciais. 

Abaixo descrevo em detalhes a sequência para preenchimento do Agile Release Train Canvas durante um workshop com o time:

Interface gráfica do usuário, Texto, Aplicativo

Descrição gerada automaticamente
  1. Declaração de visão do ART

Para (cliente alvo)

Quem (declaração da necessidade ou oportunidade)

O (nome do produto) é uma (categoria do produto)

Que (benefício principal, motivo convincente para comprar)

Ao contrário (alternativa competitiva primária)

Nosso produto (declaração de diferenciação primária)

Neste momento, pedimos que cada participante escreva o seu entendimento em post-its. 

Depois fazemos a leitura, consolidando o entendimento dos participantes e fazemos um merge do que foi escrito. Esse processo colaborativo, se repetirá nas demais etapas do canvas.

Não subestime o poder da visão. Ela ajuda a definir a essência do valor do ART, permite sincronismo entre os participantes, ajuda identificar partes interessadas, identificar o público-alvo assim como o norte que precisa ser trabalhado pelo ART. 

O Business Owner também pode compartilhar com as demais partes interessadas direcionamento estratégicos, momentos de mercado, tendências de negócios e principais dores dos clientes.

  1. Clientes Chave

Conhecer seus clientes chave é extremamente importante, pois, dessa forma, estratégias podem ser criadas/aprimoradas para mantê-los por perto, sempre fiel a sua solução, criando experiências cada vez mais adequadas às necessidades dos clientes. 

Feedbacks são extremamente importantes para evolução dos incrementos nesta etapa. Lembrando que o Cliente é o foco dentro das práticas Lean-Agile.

  1. Business Owners

Segundo a Scaled Agile, Business Owners são um pequeno grupo de partes interessadas que têm a principal responsabilidade técnica e comercial pela governança, conformidade e retorno sobre o investimento (ROI) para uma solução desenvolvida por um Agile Release Train (ART). 

Eles são os principais interessados ​​no ART que devem avaliar a adequação ao uso e participar ativamente de certos eventos de ART. 

  1. Pessoas e localização

Nesta etapa, identificamos as pessoas que irão participar do ART e onde elas estão localizadas geograficamente. 

Essa informação é importante para a elaboração de um plano de comunicação adequado. 

Principalmente em cenários que possuem times em mais de um país onde há diferentes fusos horários entre os participantes.

  1. Principais papéis

Papéis são diferentes de cargos. As pessoas podem assumir papéis durante a execução de um ART. 

A Scaled Agile é enfática sobre a importância dos papéis, pois cita que: 

“ARTs funcionam apenas quando as pessoas certas recebem as responsabilidades certas. Afinal, a organização do ART é um sistema. Todas as responsabilidades necessárias de definição, construção, validação e implantação da solução devem ser realizadas para que o sistema funcione corretamente. Preencher as funções-chave na tela promove essas discussões e destaca as novas responsabilidades.”

  1. Desenho de Estratégia do Time

Este momento é muito importante para o time. A auto-organização do time é fundamental para uma formação de time coeso. 

Cada um avaliará a sua participação no ART, assim como os papéis que irão energizar para o cumprimento do propósito do ART. 

Falta de conhecimento ou habilidades deverão ser debatidas pelo grupo com objetivo de deixar explícitos todos os riscos inerentes.

  1. Outras partes interessadas

A gestão de partes interessadas vem mostrando a sua importância ao longo dos anos. 

O mapeamento correto, ajuda a elaborar mecanismos de gestão de acordo com o poder e interesse na iniciativa. 

É importante compreender expectativas e interesses para que possam ser gerenciados, caso contrário, poderá se tornar um grande problema para os envolvidos.

  1. Soluções

Aqui é feita a descrição dos produtos e serviços impactados pelo ART. 

  1. Etapas do fluxo de valor operacional suportado pelo ART

Fluxo de valor operacional são todas as atividades necessárias para gerar um produto ou serviço que atenda às necessidades do cliente, desde as etapas iniciais de pedido até a entrega. 

Segundo Richards, a missão de qualquer ART envolve melhorar os resultados do negócio, e o sucesso nessa missão começa com a compreensão do fluxo de valor nas áreas do negócio que o ART deverá apoiar.  

Geralmente o time de negócios é responsável por validar o fluxo de negócio como um todo. 

  1.  Fluxo de valor do Desenvolvimento

Descreve a sequência de atividades necessárias para converter uma hipótese de negócios em uma solução habilitada digitalmente.  Incluindo a parte de Discovery até a parte de Delivery.

  1. Ativos técnicos

São todas as ferramentas e ambientes necessários para suportar o ART.

O Agile Release Train Canvas de fato é uma ferramenta visual que permite a integração, sincronismo e gestão de riscos para o lançamento de um ART. 

Ter um time treinado e preparado é de extrema importância para os envolvidos e para a fluidez das atividades. Participar dos treinamentos como SAFe for Teams ou Leading SAFe é altamente recomendado para aumentar as chances de sucesso desta empreitada.

Espero que tenha gostado do texto, por favor, deixe seus comentários, dúvidas e observações  abaixo. 


Até a próxima!

Referências Bibliográficas

http://www.agilenotanarchy.com/2017/04/facilitating-release-train-design-with.html

Anderson Gonzaga

Eu sou Anderson Gonzaga, meu propósito é ajudar pessoas e organizações impactarem o mundo positivamente. Faço isso utilizando processos dialógicos e expositivos de gestão moderna. Acredito que juntos, cocriamos possibilidades infinitas de: inovação, criatividade, prosperidade e desenvolvimento humano. Professor Universitário há mais de 10 anos e Profissional de Tecnologia com mais de 20 anos de experiência em grandes e médias empresas. Experiência com Projeto de Infraestrutura de TI, implantação de ERP´s e Desenvolvimento de Software. Atualmente atua como Enterprise Lean Agile Coach.

Deixe um comentário