* Atualizado para o SAFe 6

Antes de começarmos a falar sobre o SAFe – Scaled Agile Framework, vamos entender antes o que é ágil em escala.

Estamos na segunda década do manifesto ágil e ainda estamos discutindo frameworks, práticas, etc. Gente, por favor, não vamos acreditar em “bala de prata” né ?

O primeiro ponto a entender muito bem é o problema a ser resolvido. A organização está perdendo competitividade ?

É uma questão de sobrevivência ? Ou o CIO assistiu a um evento sobre ágil em escala e decidiu “implantar” na organização ? Se for a última opção, melhor nem começar, pois o PROPÓSITO não se sustenta.

Ágil em escala não é uma organização com uma centena de times ágeis e cada um deles trabalhando num produto ou cadeia de valor diferente.

Ágil em escala é quando uma ou mais cadeias de valor ou produtos onde cada cadeia de valor ou produto necessita de vários times ágeis trabalhando de forma integrada e colaborativa para uma mesma meta.

Acho que entendi, mas afinal, o que é o SAFe (Scaled Agile Framework)?

SAFe é um acrônimo para Scaled Agile Framework. É um framework criado por Dean Leffingwell e mantido e evoluído pela Scaled Agile Inc..

O SAFe é baseado em três grandes pilares: Agile, Lean Thinking e Systems Thinking e muita experiência de campo,  para a adoção de práticas ágeis em larga escala.

Ele reconhece o que tipicamente tem funcionado bem no trabalho de times ágeis e na maneira lean de tratar um portfólio de demandas organizacionais.

O SAFe fornece um conjunto de valores, princípios e práticas para ajudar grandes organizações a responderem perguntas do tipo:

  • Como rodar ágil em contextos envolvendo vários times que trabalham num mesmo produto ou cadeia de valor?
  • Como sincronizar o trabalho desses times? Como priorizar demandas em produtos robustos e dinâmicos?
  • Como escalar uma arquitetura ágil? Como tratar, de maneira lean e ágil, os riscos de uma demanda  complicada?
  • Como ser lean e ágil e estar em conformidade com modelos de governança?

Um framework para transformação lean-ágil respeitando o jeito de ser das empresas

Uma das características mais fortes do SAFe, é que o mesmo reconhece o jeito de ser de uma organização.  Isso dentro de uma grande organização significa que o SAFe introduz a filosofia lean/ágil na cultura organizacional e ajuda a empresa a gerar resultados, sem bater de frente com a estrutura e papéis existentes.

Então, do ponto de vista estratégico, por ser um framework que respeita o jeito de ser e a cultura das organizações, o SAFe tem ajudado grandes organizações a adotarem o pensamento lean/ágil e em esferas que nunca conseguimos chegar antes.

O que difere o SAFe das demais abordagens ágeis?

Como falei anteriormente, o SAFe – Scaled Agile Framework bebe da fonte do Lean, do ágil e do pensamento sistêmico. E além de adotar abordagens consagradas para time como Scrum, XP e Kanban, trata problemas mais ligados a portfolio, financiamento por cadeia de valor, entre outros.

Então muito mais do que diferenças, o SAFe tem princípios e práticas complementares à todas essas abordagens.

Mas claro que o SAFe não é apenas um mix dessa práticas/abordagens. O SAFe oferece um encadeamento lógico de como ligar a estratégia da empresa (alto nível) à um ciclo de desenvolvimento realmente lean e ágil (e vice-e-versa).

Obviamente o SAFe introduz uma série de atividades, regras e papéis que vão além da abordagem pura do Scrum, XP ou Kanban.

Essas peculiaridades, estão distribuídas principalmente nas configurações Essencial e Portfólio.  Por exemplo, se olharmos para maneira como o SAFe faz a gestão de portfólio, veremos que temos papéis mais específicos para o trabalho nesse nível,  então além de um trabalho forte de Lean Portfolio Management,  também há o papel de Epic Owners.

De uma maneira resumida, entenda que um Epic Owner não é um papel full time, mas sim temporário, quando é responsável por analisar e clarificar grandes assuntos de negócio (Épicos) ligados à temas estratégicos para posterior go/no go do Lean Portfolio Management.

SAFe e Scrum

Note que o último nível (Team Level) é baseado em Scrum e Kanban. No nível de time, ele trabalha com tudo aquilo que estamos acostumados no Scrum, então elementos como auto-organização, empoderamento do time em sua micro-gestão e colaboração são partes essenciais para o funcionamento do SAFe – Scaled Agile Framework.

Assim como o Scrum é um framework para a gestão do trabalho de times em para problemas complexos, o SAFe também é um framework lean-ágil para fornecer para a organização uma maneira enxuta (maximização de valor e eliminação de desperdício) de gerar resultados em uma ou mais cadeias de valor de seu portfólio de produtos e serviços.

Orientado à Cadeia de Valor

O SAFe, ao contrário do que pode se imaginar, eleva ao máximo o conceito de organizar o trabalho por um forte senso de geração de valor.

Uma das provas disso, é que dentro do SAFe, a disciplina clássica de gestão  de projetos (aquele conceito com início, meio e fim) desaparece.  No lugar dessa disciplina, o SAFe introduz fortemente a disciplina de gestão de cadeias de valor (Value Stream).

Isso representa um salto gigantesco na maturidade com o qual as empresas devem lidar com a gestão de portfólio de seus produtos e projetos.

Para o SAFe, a organização de pessoas que executa essas demandas de trabalho por cadeia de valor, é denominada Agile Release Train( ART ).

ART – O coração do SAFe

ART é um acrônimo para Agile Release Train. ART é um time de times ágeis, a organização no SAFe responsável por entregar e integrar os incrementos de produto de maneira cadenciada e sincronizada entre os times que o compõem.

Sem entrar (ainda) nos pormenores de como funciona o ART, vamos nos ater na metáfora principal dele: O trem (train, em inglês).

A metáfora vem da ideia de: Um trem parte de uma estação e chega na próxima estação com um confiável agendamento.

Nesse caso, em termos práticos, teremos uma cadência comum entre os times que compõem o ART, e um conjunto de features a serem entregues ao longo de uma PI (Planning Interval).

Para colocar em prática essa metáfora, são necessários papéis e eventos adicionais para organizar estas pessoas e processos no ART.

Pessoas, sim, pessoas, pois um ART é composto por vários e diferentes times. Então, vamos precisar de novos papéis para suportar a colaboração, integração, entrega e valor da solução que está sendo construída pelos times que compõem o ART.

Estas são as missões do RTE (Release Train Engineer), do PM (Product Manager) e do System Architect. Metaforicamente, são estes papéis que se preocupam em manter o trem nos trilhos.

Apenas uma coceira no cérebro

Bom, a ideia desse breve texto, foi gerar apenas uma pequena coceira no seu cérebro sobre o SAFe.

Por tratar de um assunto crítico para as organizações (Ágil em escala), SAFe – Scaled Agile Framework é um assunto realmente vasto. Sendo assim, aproveito para convida-lo, a fazer parte do grupo  Brazilian Scaled Agile Framework® (SAFe®) Meetup.

Realizamos um Meetup oficial de SAFe mensal com apoio da própria Scaled Agile, assim você pode ficar por dentro das novidades do SAFe, aprender colaborativamente com outros participantes e praticantes de organizações que estão na jornada de transformação ágil em escala com SAFe.

Te encontro lá no nosso Meetup!

Roberto Baptista

Experiência em TI como desenvolvedor, DBA, gerente e diretor de TI. Mestre em Gestão e Informática em Saúde, atualmente doutorando na Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Chief Learning Officer na Adaptworks SAFe Program Consultant (SPC) desde 2014, participo ativamente da comunidade SAFe e sou um dos organizadores do Brazilian Official SAFe Meetup. Apoio a Scaled Agile na tradução de materiais para o português. Facilitador certificado do Lean Change Management e instrutor certificado ICAgile.

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