Momento para que o time reflita e fique mais efetivo, as retrospectivas ágeis ajustam e otimizam o trabalho do agile team ao mesmo tempo em que, graças a ela, é possível transmitir informações para e entre equipes por meio de conversa, que, como o próprio Manifesto Ágil aponta, deve ser “face a face”. Mas e agora, com o time todo remoto? Com anda essa tal retrospectiva remota?

Ocorre que em março de 2020 a pandemia provocada pelo novo coronavírus obrigou as empresas a superarem as restrições da atuação presencial junto às equipes obrigando que líderes buscassem remotamente formas para manter a efetividade.

Foi assim que as soluções para dirimir impactos funcionais, principalmente aquelas cujas relações presenciais são fundamentais, buscaram nas ferramentas on-line formas de minimizar e suprir essa falta de contato. Portanto, a retrospectiva remota aponta uma solução inteligente na busca por métodos resolutos de seguir o trabalho apesar do distanciamento.

O evento ágil “Retrospectiva”

As retrospectivas ágeis são fundamentais para refletir, adequar, prevenir e aprender com uma determinada situação ocorrida. Elas permitem corrigir e avançar incremento de software, por exemplo, mas também estão ligadas à avaliação comportamental dos membros de um time, melhorias sistêmicas na automação e até nos problemas e fluxos que impactam na produtividade do time.

É por isso que as retrospectivas feitas de maneira efetiva promovem uma melhoria contínua e sistêmica nos processos de produção e evolução. Todo um grupo reunido em um mesmo local debatendo um assunto com um objetivo em comum, faz deste evento ágil, sinônimo de acerto e evolução.

As autoras do livro “Agile Retrospectives: Making Good Teams Great” categorizam uma retrospectiva em cinco momentos fundamentais:

  1. Abertura – é o momento em que se revisa os objetivos da reunião e estabelece um ambiente que favoreça às falas honestas das pessoas;
  2. Colher dados – momento de criar uma imagem compartilhada de todos através da apresentação das perspectivas de cada membro sobre a Sprint que se passou;
  3.  Gerar ideias – esse é o momento para discussão dos tópicos levantados anteriormente, utilizando dinâmicas que ajudem para este fim;
  4. Decisão sobre o que fazer – agora o time vai elencar pequenas melhorias que serão responsáveis para correção das falhas verificadas;
  5. Fechamento – Para finalizar a reunião é importante que se faça um resumo sobre o compromisso de melhoria. Além disso, é o momento a ser usado para agradecer ao time pelo seu trabalho e até fazer um “debrief” para melhoramento da próxima reunião.

Os desafios dA RETROSPECTIVA remotA

Agora, respondendo à pergunta deste artigo: não, a retrospectiva remota não estão fracassando. Mas elas exigem uma atenção especial e é sobre isso que vamos tratar agora.

Se por um lado manter os sistemas rodando é fundamental, por outro,  ser o facilitador de qualquer evento remoto apresenta desafios que impõem um novo modus operandi. Isso porque há uma série de problemas comuns em qualquer reunião que seja realizada de maneira virtual.

E os problemas podem ser desde os técnicos, como a conexão com a internet, problemas com o computador, erros nas ferramentas eleitas para as dinâmicas, até os que envolvem o comportamento e comprometimento das pessoas, como a falta de foco e interação social, conversas paralelas e dúvidas sobre quando falar, por exemplo.

Para evitar que essas dificuldades sejam empecilhos que comprometam a retrospectiva remota, há algumas dicas que o facilitador pode passar para o time. Vamos dividi-las em duas partes: a primeira é para facilitar a reunião em si e, para isso, é importante criar um ambiente propício para a interação entre os participantes.

Esse ambiente é fundamental para que haja confiança e colaboração entre os participantes do time, fazendo com que eles possam dialogar livremente sobre os problemas, apontando o que os fazem divergir. Esses distintos pontos de vista entre os membros do time são normais e saudáveis e, ainda mais fundamental, é que os valores ágeis como confiança e coragem convirjam para o aprendizado e sua maturidade.

Agora, a segunda parte importante diz respeito aos fatores técnicos e comportamentais da equipe. Assim, as dicas abaixo podem ser passadas ao time antes mesmo do início da reunião e podem servir como um “acordo” entre os membros do time:

  • Invista em equipamentos de qualidade, especialmente de áudio;
  • Encontre um local sem ou com pouco ruído para que a chamada não seja comprometida;
  • Deixe e câmera de vídeo ligada, a não ser que a conexão esteja prejudicada;
  • Conecte-se à chamada alguns minutos antes do que foi agendado para evitar contratempos e use esse tempo para testar a câmera e o  microfone;
  • Posicione sua câmera de modo que você esteja olhando para ela e não fique em local com muita luminosidade por trás;
  • Embora seja online, a reunião continua sendo um trabalho e é importante se vestir de acordo;
  • Evite outras atividades, como responder e-mail ou WhatsApp, por exemplo;
  • Quando não estiver falando, desligue o seu microfone.

Lembre-se, uma retrospectiva ágil, seja ela remota ou presencial, é uma oportunidade de fazer a coisa funcionar para que melhorias sejam alcançadas. Todo o time deve estar alinhado no propósito da entrega de valor para o seu cliente e/ou organização. As melhorias serão alcançadas à medida que haja evolução real na maturidade do time de acordo com os resultados almejados. 

Diego Bonilha

Sou instrutor oficial da ICAgile e SPC (SAFe Practice Consultant). Tenho experiência como desenvolvedor, líder, gerente de projetos e Scrum Master. Agilidade em escala e novos modelos de gestão em um mundo em constante evolução são assuntos que me fascinam e por isso busco. apoiar a mudança organizacional das grandes empresas em diferentes níveis

Deixe um comentário